De acordo com o administrador de empresas Fernando Trabach Filho, a escolha das matérias-primas para a produção de combustíveis renováveis é determinante para o sucesso da transição energética rumo a uma economia de baixo carbono. No Brasil, fontes como a cana-de-açúcar, o milho e os resíduos orgânicos se destacam como alternativas sustentáveis, abundantes e adaptadas à realidade agrícola e industrial do país.
A produção de biocombustíveis a partir dessas matérias-primas não apenas reduz as emissões de gases de efeito estufa, como também agrega valor a cadeias produtivas existentes, estimula a economia regional e promove a economia circular. O aproveitamento eficiente dos recursos naturais e dos resíduos agroindustriais é um diferencial competitivo que posiciona o Brasil como protagonista global na matriz energética limpa.
Quais as principais matérias-primas sustentáveis para combustíveis?
Cana-de-açúcar: tradição e inovação no etanol brasileiro
A cana-de-açúcar é a base do etanol mais consolidado do mundo, com uma cadeia produtiva eficiente, tecnológica e integrada. Desde os anos 1970, o Brasil vem investindo em melhorias genéticas, mecanização e sistemas de produção sustentável da cana, garantindo alta produtividade por hectare e um dos menores índices de emissão de carbono entre os combustíveis renováveis.

Assim como aponta Fernando Trabach Filho, o etanol de cana é uma solução madura, compatível com a frota flex nacional, e contribui diretamente para a redução de poluentes locais e emissões globais. Além disso, os subprodutos da cana, como o bagaço, são utilizados para geração de bioeletricidade, e a vinhaça pode ser reaproveitada como fertilizante orgânico — o que reforça a sustentabilidade do processo.
Recentemente, o setor vem avançando também na produção de etanol de segunda geração, utilizando a celulose presente no bagaço e na palha da cana. Essa tecnologia aumenta a produtividade por tonelada colhida e transforma resíduos em energia, ampliando o potencial de descarbonização.
Milho: diversificação regional e eficiência produtiva
Nos últimos anos, o milho passou a ocupar espaço crescente na produção de etanol, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Sul do Brasil. Essa expansão permite a utilização de excedentes da produção agrícola e promove o aproveitamento de plantas industriais em períodos de entressafra da cana, garantindo operação contínua e maior retorno sobre o investimento.
Conforme frisa Fernando Trabach Filho, o etanol de milho é uma alternativa estratégica, pois contribui para a segurança energética, dinamiza a economia rural e gera coprodutos como o DDG (farelo proteico), que é altamente valorizado na alimentação animal. Quando produzido com uso de energia limpa e irrigação eficiente, o etanol de milho pode alcançar bons níveis de sustentabilidade, especialmente quando combinado com práticas de agricultura regenerativa.
Resíduos orgânicos: economia circular aplicada à energia
Uma das matérias-primas mais promissoras para a produção de combustíveis renováveis são os resíduos orgânicos provenientes de agroindústrias, propriedades rurais e até do setor urbano. Esterco animal, restos de alimentos, esgoto sanitário e resíduos agrícolas podem ser transformados em biogás ou biometano, fontes limpas e versáteis de energia.
Assim como destaca Fernando Trabach Filho, o uso de resíduos como insumo energético representa um exemplo concreto de economia circular, ao transformar passivos ambientais em ativos econômicos. Além disso, o aproveitamento desses materiais reduz a emissão de metano em aterros sanitários e propriedades rurais, contribuindo para o combate direto às mudanças climáticas.
O biometano, por exemplo, pode substituir o diesel em frotas de caminhões e ônibus, ou ser injetado em redes de gás natural, oferecendo uma solução energética com baixa pegada de carbono e elevado potencial de crescimento, especialmente no agronegócio.
Integração entre sustentabilidade, produtividade e inovação
O uso de matérias-primas sustentáveis na produção de combustíveis deve estar associado a boas práticas agrícolas, eficiência no uso da água, rotação de culturas e respeito às áreas de preservação ambiental. Além disso, a inovação tecnológica tem papel crucial para extrair o máximo valor energético com o menor impacto possível.
Fernando Trabach Filho demonstra que o Brasil possui conhecimento técnico, capacidade industrial e diversidade de biomassa para liderar globalmente a produção de combustíveis limpos com base em matérias-primas renováveis. O desafio agora é ampliar a escala, integrar cadeias produtivas e consolidar políticas públicas que incentivem a produção e o consumo dessas fontes.
Caminho para uma matriz energética equilibrada e limpa
A diversificação das matérias-primas é fundamental para garantir resiliência e estabilidade à matriz energética renovável. Cana, milho e resíduos orgânicos têm características complementares, adaptáveis a diferentes regiões do país, e permitem que a produção de biocombustíveis seja contínua ao longo do ano.
Assim como ressalta Fernando Trabach Filho, investir nessas fontes é investir em segurança energética, desenvolvimento regional e compromisso ambiental. Cada hectare bem manejado, cada tonelada de resíduo reaproveitada e cada litro de combustível limpo produzido representam um passo importante rumo a um futuro mais sustentável.
Autor: Wright Adams